TÉCNICA EM ENFERMAGEM DO HUGG, TEM SEU PROJETO APRESENTADO NO INSTITUTO IBERO AMERICANO EM HAIA NA HOLANDA

A Servidora técnica em enfermagem, Nathalie Ferreira de Andrade, foi premiada pelo instituto ibero-americano de Haia e terá seu projeto “Pacificação na favela não Para a favela“, que trata da Promoção de políticas públicas em zonas periféricas, publicado no Anuário ibero-americano de Direito Internacional Penal no segundo semestre de 2018.

A ASUNIRIO, ao ter conhecimento dos feitos da colega técnica-administrativa do HUGG a procurou a servidora para entender um pouco mais do trabalho, fruto de muito esforço e dedicação conforme contou Nathalie ao nosso assessor sindical Luiz Claudio:

Em 2016 decidi me debruçar na vida acadêmica e entrei no mestrado em um Programa de Políticas Públicas em Direitos Humanos. No entanto, não poderia me dedicar exclusivamente às pesquisas, pois tinha que garantir o sustento da minha família.

No mesmo ano tive a notícia do concurso de Técnico em Enfermagem para Hospital Universitário da UNIRIO. Pesquisando sobre a Universidade, verifiquei se tratar de instituição que remunera bem seus funcionários e incentiva a qualificação dos mesmos. Diante disto, prestei o concurso e desde setembro de 2017 sou funcionário RJU da UNIRIO.

Com o incentivo da UNIRIO pude me dedicar às pesquisas, elaborando trabalho de promoção de políticas públicas em zonas periféricas, o qual foi aceito no Instituto Ibero-americano de Haia, referência em estudos sobre os problemas comuns ao países latino-americanos, sendo indicado para publicação.

No último dia 01/06, em um rápido bate papo por whatssap com nosso coordenador Daniel Monteiro, direto da Holanda, onde irá apresentar seu trabalho, Nathalie nos respondeu algumas perguntas:

 Primeiramente parabéns pela conquista! Pode nos dizer o que representa pra você essa indicação?

Nathalie:  O reconhecimento dos esforços empenhados para produzir conhecimento. E o fato de ser uma mulher, negra, pobre e periférica faz com que ganhar esse concurso tenha significado para além da academia. Ter ganho o concurso de ensaios foi um feito para os meus. Meus passos vêm de longe.

Quando será publicado seu trabalho?

Nathalie : Será publicado no Anuário ibero-americano de Direito Internacional Penal no segundo semestre de 2018.

Como os colegas do HUGG receberam essa notícia?

Nathalie: A recepção foi muito bacana. Todos torcendo para que tudo desse certo para apresentação do trabalho. Terminei o mestrado de Ciência Política no Programa de Pós Graduação de Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ

 Você tem consciência do que representa esse tipo de publicação para toda a categoria de técnicos-administrativos em uma universidade onde quase sempre apenas os Docentes são incentivados a produção acadêmica?

Nathalie: Demostra que a instituição não privilegia classes ou categorias, mas preza por qualificar os profissionais da instituição, reconhecendo que produzir conhecimento está ao alcance de todos.

Pelo que entendi você já terminou o mestrado, certo?

Nathalie: Terminei o mestrado de Ciência Política no Programa de Pós Graduação de Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ

Nesse momento você está na Holanda para apresentar seu trabalho?

Nathalie: Sim, No Instituto Ibero-americano de Haia para a VII semana ibero-americana da justiça internacional. A UNIRIO conferiu licença para que eu me apresentasse durante o evento, que ocorre de 28/05 a 08/06. Reuni todas minhas economias para participar do evento, onde poderei aprender e somar para o desenvolvimento de pesquisas.

 

Bem, Nathalie, Mais uma vez, parabéns pela conquista, muito sucesso aí em Haia bem como no seu regresso ao Brasil. Obrigado!

A GEOGRAFIA DA DISCRIMINAÇÃO

Por Ana Paula Gualberto

Moro no eixo Irajá, Vaz Lobo e Vicente de Carvalho desde meus 5 anos de idade. Desse modo o metrô sempre fez parte da minha vida como referência para locomoção e trânsito na cidade. Vi a extensão da linha 2 na década de 90, quando o Metrô chegou na Pavuna e em Copacabana, e me recordo claramente quando desci pela primeira vez na estação Cardeal Arcoverde e percebi a diferença brutal na estética das estações da Zona Sul e as do subúrbio. Nessa época, lá pelos meus 13 anos, eu não tinha conhecimento das questões sócio-econômicas-políticas que provocam esse tipo de intervenção.

Hoje estive na Zona Sul, e peguei o metrô na estação N.Sra. da Paz. Me lembrei daquela data longínqua, quando passei pela estação Cardeal Arcoverde e tive a mesma sensação de diferença estética: a estação é belíssima, com várias referências ao templo católico. E pra finalizar eu bato de frente com esse equívoco, que mostra implicitamente o lugar de cada um na sociedade carioca.

De um lado, estações de metrô apenas com os recursos básicos para funcionamento. Bairros negligenciados pelo poder público em todos os sentidos, segurança, saúde pública, saneamento etc. O lugar onde os negros vivem.

Do outro lado, as marcas da arquitetura carioca: praias, Cristo Redentor, estações luxuosamente decoradas e… os brancos.

A sociedade impõe a nós o nosso lugar o tempo inteiro, inclusive quando um transporte de massa não funciona com a mesma regularidade aos fins de semana e madrugadas. O negro, nesses espaços, só é bem vindo como força de trabalho, pra chegar sem atraso e o patrão não reclamar.

São muitas coisas implícitas nessas campanhas publicitárias que “refletem sobre a inclusão”. Muito reforço de estereótipo escroto oriundo das mazelas de um sistema escravocrata que nos colocou desde sempre numa condição não-humana. É essencial que percebamos a maldade nesse tipo de postura e que saibamos argumentar e reivindicar nosso lugar de direito.

E o lugar do povo preto tem que ser onde ele quiser, de Leste a Oeste, da Zona Norte à zona Sul.

ASUNIRIO APROVA MOÇÃO DE REPÚDIO ÀS PICHAÇÕES RACISTAS DO CLA NO CONSUNI

DIREÇÃO DA ASUNIRIO APROVA MOÇÃO DE REPÚDIO ÀS PICHAÇÕES RACISTAS NA UNIRIO, NO INTERIOR DO CAMPUS DO CLA.

No CONSUNI do dia 06 de julho de 2017, O coordenador Geral da ASUNIRIO Wilson Mendes, Leu moção de repúdio contra ato de Racismo promovido por criminosos no Campus do CLA, no dia 20 de junho de 2017. Na ocasião foram encontradas pichações no portal de uma das janelas do CLA com a frase “pretos fedem” e ao lado de um mural a sigla “KKK”, iniciais  do grupo norte americano KU KLUX KLAN, que prega a supremacia branca sobre os negros. Terminada a leitura do documento o reitor colocou para votação dos conselheiros que aprovaram por unanimidade a moção de repúdio, a qual reproduzimos na integra abaixo:

MOÇÃO DE REPÚDIO

Diante de um descomunal quadro de horrores desenhado por um histórico de séculos de barbáries praticadas contra o povo negro, cujas reparações obrigatórias jamais foram concedidas pelo Estado Brasileiro; Diante do racismo institucional enraizado desde a escravidão negra, no Brasil Colonial, atravessado pelo Império, até o advento republicano dos dias atuais; Diante do genocídio de jovens vidas negras, que é diariamente praticado pela mão armada e assassina do aparato repressor policial, em que morrem duas vezes e meia mais negros que brancos no Brasil; Diante do assassinato de jovens negros a cada vinte e três minutos na faixa de 15 a 29 anos de idade, no país da “democracia racial”; Diante de um Estado falido moral e economicamente por sucessivos governos mergulhados na corrupção, no qual em torno de setenta por cento das vítimas de crimes violentos em 2015 foram negros; Diante de uma cidade remodelada para eventos olímpicos a custa da expulsão da população preta e pobre da Vila Autódromo, violentada física e psicologicamente pela força bruta das operações policiais; Diante da recente e deliberada manifestação de racismo, com frases desqualificantes, como “pretos fedem”, ao povo negro e aos cidadãos de bem. Malfeito realizado por mente doentia nas paredes do interior do banheiro da Escola de Teatro do Centro de Letras e Artes (CLA) da UNIRIO. Manifesta o seu repúdio às pichações racistas feitas no interior do Campus do CLA, ato preconceituoso, discriminatório, que só macula a imagem de uma universidade pública como a UNIRIO, a qual, embora pequena em suas dimensões geográficas, é motivo de orgulho e grandeza em seu fazer a serviço da sociedade brasileira. Fatos como esses não podem passar despercebidos pela nossa comunidade acadêmica e devem ser veemente reprovados por toda a Universidade. Conselho Universitário da UNIRIO

Conselho Universitário da UNIRIO

Nota de repúdio ao machismo, racismo, LGTFobia e cultura do estupro!

Fonte: Fasubra, 09 de junho de 2016

A FASUBRA Sindical vem, por meio desta nota, manifestar seu total repúdio a mais um ato de machismo, racismo e LGBTfobia ocorrido no INTERUFG, torneio esportivo realizado por estudantes da Universidade Federal de Goiás. O torneio, que coleciona denúncias a cada ano, em 2016 foi palco de um ranqueamento de mulheres, de forma extremamente agressiva. O chamado “Regulamento InterUFG 2016” é a reprodução da objetificação da mulher. Mais do que isso, representa ofensa grave aos direitos humanos em um país que ainda convive com números epidêmicos de violência contra a mulher.

 

Com muita luta da comunidade universitária, foram alcançadas conquistas como a adoção do nome social, a criação da CAF – Coordenadoria de Ações Afirmativas e outros direitos, que tornou a Universidade Federal de Goiás referência nacional no tema. Não é possível deixar que pessoas que não possuem um mínimo de compromisso possam manchar o nome dessa universidade. Além da desvinculação do nome da UFG ao evento, a gestão da universidade deve tomar as providências cabíveis no sentido de apurar as denúncias e punir os responsáveis. Um basta!

 

Em poucos dias fomos testemunhas de uma sucessão de fatos que, em pleno 2016, atestam o quanto o Brasil precisa avançar na defesa dos direitos das mulheres. Precisamos dizer um basta à cultura de estupro. O estupro coletivo de uma mulher por 30 homens no Rio de Janeiro, com imagens e vídeos compartilhados aos milhares pelas redes sociais, nos dá a prova de que um comercial de uma família homoafetiva consegue chocar mais e mover as pessoas do que um brutal crime de estupro.

 

Infelizmente ainda não conseguimos conceber tempos melhores, já que o atual ministro da Educação, Mendonça Filho, entusiasta da privatização do ensino público, recebeu essa semana o estuprador confesso em rede nacional, Alexandre Frota, que levou proposta de que se vede a discussão de gênero nas escolas. É uma afronta a quem pensa em uma educação pela diversidade e tolerância: um estuprador confesso, frisa-se, é contra a discussão de gênero e diversidade nas escolas, e é recebido de forma otimista pelo ministro da Educação.

 

Diante desse cenário, a FASUBRA Sindical considera imprescindível que a administração da UFG tome as devidas providências para não permitir que eventos que, direta ou indiretamente, promovem esse tipo de comportamento manchem o nome da universidade. Da mesma forma, é preciso que a gestão esteja atenta para coibir casos de violência contra a mulher nas dependências da instituição, bem como promover políticas de combate ao machismo, ao racismo e à LGBTfobia, a fim de garantir um ambiente seguro, saudável e livre de preconceitos para toda a comunidade acadêmica.

 

Direção Nacional FASUBRA Sindical

500 anos de extermínio já destruíram um país inteiro, além de escravizar homens, mulheres e crianças

Há 500 anos, o povo guarani ocupava grande parte da América do Sul, desde os territórios hoje designados como Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai até o limite do Equador. O primeiro contato com os espanhóis se deu em 1516. Durante um século, os guaranis resistiram bravamente ao invasor. Alguns costumes “bárbaros” de portugueses e espanhóis chocaram a cultura guarani, que até então não tinha tido contato com civilizações capazes de massacre infanticida ou escravidão. Durante o século XVII, parte da etnia constituiu uma aliança com os jesuítas para construir uma resistência à violência ibérica. Organizou- -se a primeira “República Guarani do Paraguai”, como foi definida por alguns pesquisadores recentes. Politicamente no período, contudo, definiam-se como uma província submetida ao rei da Espanha.

A organização de uma província com esse nome pouco tinha em comum com o território pertencente hoje ao Paraguai. A “República Guarani” se organizou em torno dos rios que serviam de “estradas” e comunicação entre as reduções. Redução (ou missão) era o termo utilizado pelos jesuítas para definir as cidades guaranis. Cada redução constituía uma pequena cidade, geralmente com oito a dez mil habitantes cada.

Elas tinham uma arquitetura comum: se organizavam em torno de igrejas e escolas. Dizem os viajantes que essas eram as mais belas cidades do novo mundo, muito melhor organizadas que as do restante das colônias. A economia de cada redução sofria variação de uma cidade para outra. Na maior parte das vezes, os habitantes dedicavam de três a quatro dias de trabalho para a comunidade e descansavam ou garantiam para si os outros três a quatro dias. A produção de comida era dividida igualmente entre os habitantes organizados por representantes de ruas. Uma grande praça servia de espaço comum no centro da cidade. As reduções também desenvolveram manufaturas e uma pequena indústria com uma capacidade de exportação, apesar dos limites impostos pelas duas metrópoles ibéricas: Portugal e Espanha.

A “República Guarani” foi, durante algum tempo, uma forma de resistência moderada por parte dos índios. A intervenção jesuítica possibilitou que os habitantes das reduções tivessem status de cidadão cristão, o que dificultava (embora não impedisse) a escravização por parte dos bandeirantes. A contrapartida era a assimila- ção da religião cristã e a renúncia aos deuses da tradição guarani. Uma troca considerável aceitável pelas mães de crianças que, no decorrer do último século, foram largamente sequestradas para fins de trabalhos forçados. Na segunda metade do século XVII, praticamente todas as cidades da República Guarani tinham sua própria manufatura tecelã, produzindo vestimenta suficiente para as quatro estações do ano. As missões mais modestas tinham pelo menos dez oficinas. As mais abastadas chegavam até a 60 oficinas. As cidades possuíam também olarias, moinhos, serrarias, fábricas de óleo, engenhos de açúcar, curtumes e até instalações para a recém- -domesticada erva-mate. Todas essas construções ficavam sempre à margem da cidade. No centro, ou o coração em volta do qual a cidade se erguia, havia sempre uma igreja, uma escola e uma grande praça.

Comparadas às cidades do mesmo período no restante da América Latina, a República Guarani se distinguia pela evolução econômica e política. No restante das colônias, o que se vivia era a total escassez de recursos, como bem descreve Caio Prado Junior em História Econômica do Brasil. Suas indústrias manufatureiras encontravam-se exclusivamente dentro dos engenhos de açúcar. Charlevoix, em visita às cidades da república guarani, disse: “as redu- ções do Guairá podem rivalizar com as melhores cidades espanholas do Paraguai”. Algumas reduções chegaram mesmo a ter uma incipiente indústria bélica clandestina, com produ- ção de pólvora e armamento. As reduções foram invadidas diversas vezes por bandeirantes brasileiros. Oficialmente, há registros de mais de 60 mil guaranis presos e escravizados indevidamente, mas se estima que esse número tenha ultrapassado a cifra dos 300 mil. Além desses, ainda há os que foram mortos sumariamente, sem chegar a se converter em escravos. Pode-se pensar que, ao todo, mais de um milhão de pessoas tenham sido vítimas da violência do Brasil durante a existência das reduções. Essa realidade terminou fazendo com que a República Guarani optasse por se interiorizar mais, abandonando as reduções mais próximas das terras portuguesas.

A união entre Castela e Portugal, em meados do século XVII, contou com a intervenção papal, que proibiu a presença jesuí- tica nas reduções. Depois de abandonados pela Companhia de Jesus, os guaranis perderam a opção de convivência moderada com os europeus. Seguiu-se o massacre total dos moradores de todas as reduções da América do Sul. Gomes Freire de Andrade utilizou-se das estratégias militares mais modernas e isolou cidade por cidade guarani, a maior delas com 102 mil habitantes (a maior cidade brasileira do mesmo período tinha apenas 50 mil habitantes). Destruídas as unidades militares, Gomes Freire matava os civis de modo cruel. Terminou assim a experiência mais bem sucedida da história do continente. Clóvis Lugon, pesquisador do tema, lançou a tese de que as reduções construiriam um país de tamanho médio, com uma complexa estrutura política e econômica, com cidades interligadas por comunicações hídricas. Sua tese encontra- -se hoje publicada pela “Expressão Popular” e pode ser encontrada nas principais livrarias brasileiras. Na tese original publicada pela Paz e Terra, o autor formulou a hipótese de essa república ter sido a primeira experiência comunista dos estados modernos.